quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Il Gattopardo - O leopardo



Houve uma época em que o valor de um filme não passava pelos efeitos especiais ou pelas manobras técnicas na montagem. Nessa época, a câmara limitava-se a registar a performance dos actores e o que fazia um bom filme era só a qualidade dos mesmos e do argumento. O Il Gattopardo de Luchino Visconti (1963) é um desses filmes e é presença obrigatória em qualquer lista de "melhores filmes da história do cinema".

Para comemorar os 100 anos do nascimento de Visconti, o cinema Nimas pôs em cartaz uma nova cópia deste clássico, com som e imagem melhorada. Ontem fui ver e apesar de a sala só ter gente cuja idade era superior à soma da minha idade com a do luis, de dois respeitáveis senhores quase se terem pegado à pancada no inicio (confesso que, na minha malvadez, estava cheia de vontade de assistir a uma cena de kick-boxing caquético com bengalas à mistura...mas nada aconteceu) e de, apesar de ter 3 horas, o filme não ter intervalo (o que se revelou evidentemente excessivo para as bexigas maduras dos nossos companheiros de sala que, não só saiam de 10 em 10 minutos, como num final foram em passo de corrida fazer fila para a porta da casa de banho), adorei!

É de facto um tipo de cinema diferente, quase "livresco", em que as personagens são cativantes e profundas e o argumento dificil mas tão simples ao mesmo tempo.

Il gattopardo tem como pano de fundo a Sicília, em 1860, numa altura em que era dominada pelo ramo espanhol dos Bourbons. O Príncipe de Salina, Don Fabrizio (Burt Lancaster), é um aristocrata que tenta manter o anterior modo de vida, apesar dos tempos de mudança. Quando começa a perceber que o movimento de unificação de Itália, iniciado por Garibaldi, vai alterar de forma definitiva a estrutura do poder dominante na Sicília e na aristocracia local, ele fica preocupado. A ascensão da burguesia é encarada por si como uma ameaça ao seu modo de vida, e numa espécie de tentativa de manter acesa a chama do antigo regime, o aristocrata incentiva, em deterimento da sua filha, o casamento do seu sobrinho Tancredo (Alain Delon) com Angélica (Claudia Cardinale), filha de um rico e influente administrador de propriedades e cuja beleza também não o deixa indiferente.

O filme é uma daquelas obras essenciais para qualquer cinéfilo que se preze (lol) e vale a pena aproveitar a reposição e dar um saltinho ao Nimas. A minha avaliação é 4,7.

1 comentário:

Anónimo disse...

Hello...
Fui ver ontem... gostei muito... apesar de ter ido à sessão das 21.30h o que fez c q me fosse deitar muito p lá da minha hora :p
Beijos