Ok, admito que sou viciada em cinema e que, de vez em quando, mais valia poupar o dinheiro do bilhete em vez de ir só porque sim. Dito isto, vou falar-vos de um dos melhores filmes que fui ver nos últimos temos e que considero ser o melhor filme do Woody Allen que alguma vez vi (confesso que não sou especialista neste realizador mas já devo ter visto mais de uma dezena de filmes dele).
Woody Allen é, de facto, um realizador bastante peculiar, capaz de gerar paixões e ódios e que nos tem habituado a utilizar a realização como uma espécie de psicanálise particular. Ele é o personagem central (ainda que nem sempre o personagem principal oficial), os filmes passam-se invariavelmente em NY e os diálogos são, ainda que interessantes, por vezes demasiado intimistas/intimos como se, de repente, o espectador se tornasse no psicólogo "forçado" das personagens.
Pois quem não viu o filme prepare-se para uma surpresa. Nesta obra genial, Woody Allen não aparece num único frame, os personagens passeiam-se por Londres e o ritmo do argumento é completamente diferente do habitual. Tudo isto faz com que, as mais de duas horas de filme (outra originalidade, já que habitualmente as fitas duram quase exactamente 90 minutos) passem depressa demais.
Da história não vos vou adiantar muito pois grande parte do brilhantismo do argumento resulta do inesperado. De qualquer forma aqui fica o essencial (sem detalhes que possam estragar a experiência de quem ainda não viu): Chris Wilton (Jonathan Rhys-Meyers), um irlandês recém-chegado a Londres, é contratado como professor de ténis num clube de alta-sociedade. É aqui que conhece Tom Hewett (Matthew Goode) um playboy cuja forma de vida, repleta de festas, concertos de ópera e grandes propriedades no campo, é tudo aquilo que o ambicioso Chris sonhou para ele. A amizade entre os dois e o consequente relacionamento com a irmã de Tom, Chloe (Emily Mortimer) abrem perspectivas inesperadas (mas sonhadas) ao jovem professor de ténis, comprovando a sua teoria de que o factor mais importante na vida de alguém é a sorte (sendo que este é o tema central do filme). Tudo parece correr bem até conhecer a noiva de Tom, Nola (Scarlett Johansson), um misto de femme fatale e lolita que vai alterar de forma radical o rumo racional e prudente da sua vida.
O argumento está genial e apaixonante. Quando se julga ter captado tudo, Woody consegue, como que por magia, incluir um dos momentos mais brilhantes que tenho visto...
Porque a vida é como uma partida de ténis. Há um momento em que a bola bate no topo da rede e tanto pode cair no nosso campo ou no campo adversário; se cair no nosso, perdemos; se cair no outro, ganhamos...é uma questão de sorte.
Mas não é por sorte, mas sim por mérito próprio, que lhe dou a pontuação de 4,5 e uma vivíssima recomendação que não o percam. Porque sorte é sairem filmes destes.
P.S.: Já é tarde por isso deixo para amanhã o comentário ao Memórias de uma Gueixa.
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